quinta-feira, 23 de julho de 2009

Antes de começarmos...


Cenas interessantes do filme MATRIX:
Morpheus olha sério para Neo e pergunta:
- “Você quer saber o que é a Matrix?
Depois de demonstrado o que seria a Matrix, Neo desacredita, conversa com Morpheus em seu quarto e então é lhe dado um conselho:
-“Descanse, Neo”.
-“ Pra que”?
-“ Para o seu treinamento”.
Então Neo passa a noite em claro, pensando sobre o mundo que se abre diante dele, talvez pensando em como se treina para ser “the one”, muda a cena e então conhecemos Tank. Ele e seu irmão Dozer são os únicos que nasceram em “Zion”, a última cidade que sobrou e é subterrânea, pois somente lá ainda é quente. Ele demonstra seu entusiasmo em conhecer Neo e o chama para o tão esperado treinamento e...este diálogo:
-“Temos muito a fazer, comecemos logo”.
Pula em sua cadeira, com um monte de discos e enumerando-os diz:
-“Temos que começar com estes programas operacionais, mas isto é uma chatice, vamos para algo mais divertido” e joga de lado os discos com os programas operacionais.
-“ Que tal treinamento de combate”?
Em segundos temos o salvador da humanidade totalmente (mentalmente ) treinado em jiu-jítsu e mais uma infinidade de artes marciais.
Pausa para comentário: Se Neo tivesse passado pelo treino completo, por cada programa operacional, será que ele não teria entendido melhor o oráculo?
Será que ele não teria passado no teste do pulo?
Será que ele não teria reconhecido Seraphin?
Será que ele não teria enfrentado melhor o Merovíngio?
Será que ele não teria se livrado do metrô sozinho?
Será que ele não teria salvado Trinity da morte?
Será que ele não teria vencido o Arquiteto?
Será que ele não teria vencido o agente Smith no início?
Será que, ao se sacrificar no final, ele não seria capaz de ressurgir no terceiro dia?
Será que ele não iria voltar e não deixar Zion na dúvida do que poderia acontecer após a guerra com as máquinas?
Se dependêssemos de um salvador como Neo, miseráveis seríamos, ainda estaríamos nos esgotos de “Zion” torcendo por um salvador...Pobres os que aguardam um salvador hollywoodiano...
Notamos que Jesus supera toda a ficção e até mesmo o nosso senso de realidade pois não só Ele na Trindade confeccionou o programa operacional como se fez carne e passou por todo o programa operacional e treinamento, ele “se fez carne” e cumpriu toda e qualquer regra que não conseguiríamos cumprir para nos salvar definitivamente, sem a necessidade de “the ones” anteriores ou posteriores.
Em meu último texto disse que começaria a tratar a questão da ética dentro do parâmetro cristão, a começar pelo decálogo, então antes de entrarmos nas considerações bíblicas e filosóficas, gostaria de deixar o “programa operacional” dos próximos textos:
- Creio que a Bíblia é O relato fiel de como Deus agiu, age e espera que ajamos, portanto toda e qualquer consideração será a partir da Bíblia,
- Usarei como apoio para as considerações a partir da Bíblia o livro “Ética dos dez mandamentos” do professor Hans Ulrich Reifler, que trata do decálogo a partir de um pensamento bíblico-filosófico reformado.
Portanto não esperem textos éticos filosóficos humanistas que são, em sua essência, descritivistas, relativistas, imanentes, situacionistas, subjetivos e mutáveis, baseados em costumes e hábitos constituídos historicamente.
Mas sim considerações sobre os conceitos bíblicos que são em essência normativos, absolutos, transcendentes, direcionistas, objetivos e imutáveis, baseados nas revelações divinas.
Cada texto tratará de um mandamento, a saber são:

Não terás outros deuses;
Não farás imagens de Deus;
Não tomarás o nome de Deus em vão;
Lembra-te do dia de sábado;
Honra teus pais;
Não matarás;
Não adulterarás;
Não furtarás;
Não dirás falso testemunho;
Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua mulher ou servo, ou animal.

Os mandamentos serão pensados dentro de seus três eixos temáticos, a saber:
1 a 3 – Relação correta com Deus;
4 - Relação correta com o trabalho;
5 a 10 – Relação correta com a sociedade;

Formando assim um conjunto que engloba a moral teológica, individual e social.
Este é basicamente o programa operacional dos próximos textos, caro leitor que me tem acompanhado, sugiro que releia os textos anteriores e notará que eles servirão de arcabouço teórico para as considerações futuras, principalmente o último texto, pois como conclusão que já posso adiantar sobre todos os textos futuros, para nós é impossível cumprirmos fielmente um mandamento que seja por apenas 24 horas ( pode testar ), mas, salvos por Aquele que já os cumpriu por uma vida, temos o dever de esmerilhar nosso caráter através de sua observância.
Até os próximos textos.

domingo, 12 de abril de 2009

Um Povo, um Reino, um Senhor


Ein volk, ein reich, ein führer, essa frase, estampada como divisa de um cartaz de propaganda política da década de 1930, sintetiza os ideais do partido nacional socialista ( nazista ), que dominou por mais de uma década a vida do povo alemão.
O antisemitismo, que sustentava serem os judeus uma “raça degenerada, cujo contágio põe em risco a saúde do povo alemão”.
O belicismo, que valorizava a guerra de conquista “como caminho necessário rumo à construção da grande Alemanha”.
O regime partidário único, identificado ao Estado e baseado na submissão incondicional à autoridade do líder, o qual resumiria em si “um poder ilimitado e uma responsabilidade absoluta”.
O totalitarismo, segundo o qual não deveria haver direitos individuais opostos às “necessidades do Estado, a que todas se acham completamente subordinados”.
Não há dominação sem embasamento filosófico, portanto a concepção de conceito universal de valor abaixo do individual subjetivo pregado por Søren Aabye Kierkegaard (Copenhague, 5 de Maio de 1813 — Copenhague, 11 de Novembro de 1855), pai do existencialismo, desenvolver –se no “Übermensch”, ou homem acima do bem e do mal de Friedrich Nietzsche, teríamos uma filosofia humanista pura, negando qualquer conceito superior de Deus, negando peremptoriamente a idéia de religião, principalmente o cristianismo, pois este seria um “freio” para o homem superior. Um povo, um reino, um senhor, totalmente negando a Deus. Resultado? MORTE. É só nos lembrarmos de :
Auschwitz-Birkenau - Polônia (abril de 1940 a janeiro de 1945) Número de mortos: 1,1 milhão a 1,5 milhão.
Buchenwald - Alemanha (julho de 1937 a abril de 1945) Número de mortos: 56 mil.
Ravensbrück - Alemanha (maio de 1939 a abril de 1945) Número de mortos: Mínimo de 90 mil.
Dachau - Alemanha (março de 1933 a abril de 1945) Número de mortos: Mínimo de 30 mil.
Sachsenhausen - Alemanha (julho de 1936 a abril de 1945) Número de mortos: 100 mil.
Natzweiller-Struthof - França (maio de 1941 a setembro de 1944) Número de mortos: 25 mil.
Pasmem, estes números são apenas de seres humanos usados como cobaias em experiências nazistas. Nem me dou ao trabalho de listar o número de mortos em sua totalidade. Humanismo desprovido de Deus é aniquilação. É desumanizar aqueles que são a imagem e semelhança de Deus. Humanismo desprovido do amor de Deus é fazermos nós mesmos o trabalho do diabo. “o inferno são os outro” diz Sartre, sem Deus, os operários do diabo somos todos nós.
Porém, existe uma outra concepção para “um povo”, este seria um povo que, com seu conceito de amor irrestrito por um Deus que se doa e é o Exemplo Maior e único de um amor incondicional, aliás, que se identifica como sendo a única e maior expressão de Amor, se sacrifica por e para este povo e que traz refrigério para todos os povos que os circundam. Estes se tratam entre si como irmãos, fazem refeições em memória de seu Único e Grande Líder, tem uma vida de piedade e integridade, trabalham para que não haja só convívio, mas algo sublime entre eles chamado de comunhão. Um povo cuja centralidade não é um existencialismo vazio e perigoso, não é um antinomismo cruel, não é um relativismo confuso, sua centralidade é na certeza e fé na Palavra e Testemunho deste Deus Vivo, Pessoal, Único, Poderoso, Glorioso e que quer, objetivamente, ter um relacionamento profundo e impactante com qualquer um que O aceite. Este povo está acima de qualquer religião. Este povo tem orgulho de ser, acima de qualquer nomenclatura ou perseguição, chamado de CRISTÃO.
Existe uma outra concepção para “um reino”, não é um reino baseado em vãs filosofias, não é um reino baseado em seres humanos falíveis e que se contradizem, há O REINO. Este Reino está preparado para o Povo de Deus através do Sangue de Jesus, sangue este derramado para purificar dos pecados este povo. Um Reino onde não haverá mais sofrimento nem dor, um Reino que transcende qualquer coisa imaginável pelo homem, O REINO DO SENHOR, O REINO DOS CÉUS.
Existe uma outra concepção para “um senhor”. Um que mais do que discursos bonitos ou uma personalidade carismática, é capaz de curar, dar esperanças a um povo desanimado, resgatar pessoas perdidas em vícios, colocar-se como exemplo último e único de caráter e integridade, falar a sábios senhores e mulheres humildes a beira de poços com o mesmo amor e impacto. Um Senhor que lavou a história de pecado e perdição do ser humano com Seu Sangue e nos resgatou para formar Seu Povo, Seu Reino. Há um senhor apenas, JESUS CRISTO, FILHO DO DEUS ALTÍSSIMO.
Eu fiz minha escolha(?) fui escolhido, sou feliz e não me envergonho da Palavra, do Reino e Deste Senhor que tanto amo e quero seguir até o fim dos meus dias. Além de qualquer argumento que eu tenha exposto em meus textos, qualquer admiração que possa causar o cultismo da escrita ou da explicação dos filósofos que eu tenho demonstrado, minha intenção é uma e única: que de algum modo você venha a entregar a sua vida a Cristo. Existem muitos caminhos oferecidos por aí, nem um lhe levará a uma alegria plena pois ninguém se importa o suficiente com você a ponto de morrer em uma cruz...Só Jesus é capaz de trazer alívio e, acima de tudo, salvação.
Depois deste último parágrafo provavelmente perderei muitos leitores, provavelmente serei chamado de fanático religioso, mas se em algum lugar, em algum momento, alguém ao ler este texto dobrar os joelhos e fizer uma oração simples como “Senhor Jesus, te aceito e te quero na minha vida como meu Salvador e Senhor, aceita-me em Teu Povo, prepara-me para Teu Reino, amém” terá valido a pena qualquer outra crítica que eu possa receber. Você terá feito a melhor escolha da sua vida, pois sua vida será moldada por valores superiores.
Em meus próximos textos pretendo trabalhar os conceitos absolutos, hierárquicos e normativos da ética bíblica, primeiramente no Decálogo e na sua importância para a fundamentação moral do homem.
Até lá e que Deus nos abençoe, sendo nós Seu Povo, parte de Seu Reino, tendo ele como Nosso Mestre.

sábado, 28 de março de 2009

Números

Acordei hoje incomodado com números, números e seus significados, Pitágoras era um filósofo pré-socrático, e como tal buscava a “arché” ou seja, ele buscava a essência das coisas, aquilo que estaria intrinsecamente no início, no fim e no meio de tudo, aquilo que, a coisa destituída, deixaria de ser. Adivinha qual é a “arché” de tudo segundo Pitágoras? – Números, segundo o próprio: “Todas as coisas são números.”
Não vou me preocupar em refutar o fato de ser questionável a existência de Pitágoras ou quão cheio de mitos suas frases ou teoremas podem estar envolvidos. Tive que aprender o teorema de Pitágoras quando criança, ainda estou com os números na cabeça. Será que os números seriam capazes de nos dar uma idéia da essência das coisas? Alguns números sobre religiosidade para pensarmos, primeiro sobre o Brasil. Você sabia que:
...Brasil é o quinto maior país do mundo em Extensão territorial?
...Sua população é de aproximadamente 170 milhões de habitantes?
...Cristãos no país formam cerca de 92% da população religiosa?
...Existem mais de 1 milhão de muçulmanos e 500 mesquitas no Brasil?
... Brasília é considerada a capital mundial do esoterismo?
...Os evangélicos no Brasil somam o total de 15,45% da população, ou seja, 26,1 milhões?
...O Brasil é considerado o maior país espírita do mundo?
...O Brasil é considerado o maior país católico do mundo?
...Os mórmons cresceram cerca de 80% desde sua chegada aqui no Brasil?
Vamos aumentar um pouquinho, falemos sobre o mundo, você sabia que:
...A população mundial é mais de 6 bilhões de habitantes?
...Existem 10.000 seitas no mundo?
...Existem mais de 2.000 religiões?
...Existem 6.000 mil seitas na África e 1.200 nos Estados Unidos?
... De cada 100 pessoas...
-19 são muçulmanas
-18 não têm religião ou são atéias
-17 são católicas-17 são cristãs não-católicas (ortodoxos, anglicanos, protestantes, evangélicos, pentecostais)
-14 são hinduístas
-6 são budistas
Se não perdi você ainda, meu estimado leitor, no mínimo te confundi, certo? Você deve estar pensando: “ O que todos estes dados têm a ver com ética e filosofia?”
Bom, com tanta diversidade ética ( não espere que a reflexão Kardecista sobre o valor moral do homem seja a mesma que a reflexão Islâmica e nem que a reflexão judaica seja a mesma que a cristã, por exemplo ) e pluralidade conceitual religiosa o resultado acaba sendo o seu paradoxo: a insensibilidade do homem ao sobrenatural.
Deixe-me explicar o que eu quero dizer, quando todos começam a falar em uma sala, o resultado é o seu contrário: a fala que deveria ser propagadora de comunicação se torna exatamente um barulho que acaba com a capacidade de se comunicar!
Quando o ser humano começa atirar para todos os lados possíveis para tentar acertar Deus, eis o paradoxo novamente, ele acaba criando um deus a sua imagem e semelhança que sirva a suas conveniências, e para cada necessidade, cria-se uma doutrina com um deus que faça aquilo que eu desejo... atiro em deus, acerto um pensamento antropocêntrico – eis o paradoxo.
O cerne da questão é: Existe um número ímpar de religiões no Brasil. Existe mais um monte no mundo. O homem tenta, como Ícaro voar eticamente alto, mas se esborracha em padrões morais cada vez mais baixos e deploráveis. A quantidade de perspectivas acaba nos dando a impressão de que tudo se torna relativo... e o homem afunda ao olhar para os próprios pés....
É aí que, em um momento único que aparece a figura ímpar de Jesus. De todos os números acima citados Ele é unanimidade em todos. Todos se dobram a Sua personalidade, vidas são transformadas em Seu nome, não há conceito ético ou grande nome na história que não tenha se baseado, ou tentando negar ou adorando, este homem/Deus que é Deus/homem.
“Eu sou o caminho, a verdade, a vida...” Se no texto anterior eu falei que o centro ético é o amor e amar a Deus, conhecer a Deus só é possível através de Jesus, Ele disse isso, morreu por isso, ressuscitou nisto e até hoje ninguém, por mais que se tenha discutido e escrito sobre o assunto, provou o contrário.
Jesus se coloca como a “arché” que os pré-socráticos tanto buscaram. Jesus é Aquele que estende a mão firme, única e forte em um mundo que se afunda no mar das estatísticas.
O resto só é números.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A ARTE DE RESPIRAR – PARTE II

Alguns meses depois de treinar, o aluno já consegue boiar, bater as pernas de forma ordenada, pegar o ar pela boca e soltá-lo pelo nariz, conhece uma variedade de braçadas ( sabe diferenciar os nados crawl, peito, costas e borboleta ) e descobre o inevitável: existe uma seqüência lógica e hierarquicamente ordenada para melhorar o seu tempo na piscina.
A luta do nadador é aprimorar a técnica e melhorar o seu tempo. É uma luta individual, porém nunca sozinha, é só levantar o pescoço que ele verá o treinador na borda da piscina, hora dando dicas de como melhorar as pernadas ou braçadas, hora dando broncas para deixar de moleza, muitas vezes gritando frases de incentivo.
Continuo com a minha analogia referente à ética. Se ela é uma análise da ação moral do homem, podemos estar certos de que a referência ética que usarmos para embasar nosso comportamento é de total relevância para a obtenção do melhor desempenho moral.
Citei várias doutrinas éticas no último texto: gostaria de me ater em apenas um neste – a doutrina cristã. Esta análise é pessoal e segue como referência minha experiência enquanto pensador cristão. Portanto estou totalmente aberto às suas críticas.
O ar do cristão verdadeiro é o amor, mas não um amor tolo e vulgar como podemos entender pelo senso comum, é um amor maior do que a capacidade humana tem de compreender, é o amor supremo Daquele que é eterno e perfeito e se faz sacrifício em uma cruz para saldar os meus pecados. Simples e direto: Deus me amou de tal forma que mandou seu filho Jesus pagar, em Amor, todos os meus pecados.
Este amor é sacrifical, real, perfeito e eterno. Muito mais complexo do que Platão poderia supor, muito mais completo do que qualquer amor que um ser humano poderia sentir ou tentar viver. O amor que Deus tem por mim e por você é tão grande que, mesmo que você discorde de tudo o que você está lendo agora, em nada afeta o que Ele quer fazer por você. Ele te ama independentemente da sua conduta ( mesmo que ele tenha profundo desprazer pela conduta pecaminosa ) e está disposto a te salvar do afogamento...você está disposto a pegar a Mão Dele estendida na beira da piscina?
O amor é a base da ética cristã, um amor revolucionário e derramado dos céus em forma de sangue em uma cruz, apesar de ser uma cruz rude e cruel, não há culpa em ajoelhar-se aos seus pés, há paz, mansidão e alegria, puro contentamento que qualquer outra coisa na criação é incapaz de prover. Amor incondicional vindo do céu.
Então se como cristão eu entendo e sinto que sou amado, sou querido, se como cristão eu sei que posso fechar os olhos tranqüilo que Aba estará sempre perto de mim, sinto me compelido a amá-lo mais e mais. Amar a Deus sobre todas as coisas, com todo o meu conhecimento, de todo o meu coração é a primeira atitude moral que um cristão deve desenvolver – é um hábito, é uma ação, mas acima de tudo – É o prazer supremo na vida de um homem. Amar a Deus é um privilégio que dispensa todas as convenções humanas e completa o homem de tudo aquilo que ele não é.
Pascal afirmou: “ O homem tem um vazio do tamanho de Deus”, amá-Lo completa qualquer vazio e me liberta para ser um homem mais pleno – a plenitude do homem é poder sem restrições atirar-se nos braços de Deus no final do dia e poder dizer: “Te amo”.
Amar a Deus é o motor moral que guiará o homem ao passo mais lógico e que torna o cristianismo completo – a facilidade de amar o próximo como a si mesmo.
Note que a partir de um amor sadio com Deus, um entendimento e certeza de Seu amor sacrifical por mim, a lógica me impele a amar aqueles que Ele ama. Devo servir em amor aqueles cujos pecados foram lavado na cruz – como os meus. Mesmo em discordância um cristão verdadeiro é capaz de servir e amar aquele de quem ele diverge. O amor supera qualquer barreira pois Cristo destruiu a barreira do pecado para e por me amar incondicionalmente. Amo meu próximo pois o Deus que eu amo me deu o exemplo primeiro do amor absoluto.
Me aceito pois sou amado, não tenho que ser mais alto, mais baixo, mais parecido com o Tom Cruise, ou ter algo para chamar a atenção de Deus, ele me ama e presta tanta atenção em mim que simplesmente descanso em seus braços e me aceito, me amo, não um amor narcísico, mas um amor genuíno por saber o meu lugar nos planos de Deus. Posso não vislumbrar os detalhes deste plano, mas tenho certeza do resultado final – a eternidade em Sua morada.
Ética cristã? É nadar na piscina longa e difícil da vida, mas com técnica, com estilo, com forma comprovadamente correta, respirar na hora certa e dar as braçadas e pernadas firmes para a borda final, sempre levantando a cabeça e ouvindo a voz de meu Treinador/Pai/Salvador na beira me discipulando. É a luta do peregrino, é uma luta individual, mas sem sombra de dúvidas nunca sozinha.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A arte de respirar – Parte I

- “Respire pela boca e solte o ar pelo nariz”, disse o professor de natação.
O aluno, no auge de seu conhecimento das técnicas de natação adquiridos em todos os seus dez minutos de experiência pensa “ isso é fácil demais”... enche a boca de ar, solta pelo nariz antes do tempo e “respira” uma bela quantidade de água. O aluno então descobre que respirar não é tão simples assim.
A ética é como respirar, todos acreditam conhecer, todos opinam com autoridade, muitos se acham qualificados o bastante para irem à mídia e destilarem conselhos éticos como vemos na maior parte dos programas policiais, mas quando questionados na simplicidade da essência... acabam se afogando em sua arrogância.
Vamos para algumas definições, ética é o ramo da filosofia que analisa os feitos morais humanos sob a perspectiva de certo e errado com a finalidade de se alcançar o Bem.
Segundo o grande professor Mário Sergio Cortella, a ética é questionar filosoficamente aquilo que nós “queremos, podemos e devemos”, a luta está no fato de que nem tudo o que queremos podemos, nem tudo o que podemos devemos e nem o que devemos queremos... Este é o objeto de estudo da ética enquanto campo da filosofia.
A ética é diferente de moral, sendo esta a conduta adotada de forma subjetiva por uma pessoa de forma responsável, autônoma e livre.
A ética é a teoria, a moral a práxis.
As escolhas feitas por você, quando comparadas as de outras pessoas dentro da sociedade, é o objeto de estudo da ética. Você age e escolhe de forma moral, e sua atitude é analisada através da ética.
Nota-se portanto que a qualidade moral de suas escolhas está intimamente ligada à forma pela qual você pensa a ética.
Porém a forma de se pensar a ética é bastante diversificada ( não relativa, mas diversa...) como demonstra o professor Norman Geisler em seu livro “Ética Cristã”, apenas para exemplificar: antinomismo, generalismo, situacionismo, absolutismo não-conflitante, absolutismo ideal e hierarquismo, só para ficar entre alguns.
Como respirar, existem várias vertentes éticas, porém se a análise filosófica da ética pauta-se em encontrar o Bem ( conceito este de Aristóteles, o primeiro a questionar os valores morais em sua obra “ética a Nicomaco”) talvez nem todas sejam saudáveis, algumas até podem levar a um “afogamento” moral.
Deixe-me ser mais claro, peguemos por exemplo o antinomismo, sua definição seria “ a falta de objetividade ou relevância empírica” ou seja, não há normas, como o que é bom pode ser circunstancial, ele não é absoluto. Sendo assim o antinomismo acusa a moral humana de emotiva e subjetiva. Alguns nomes da ética existencial antinomista são: Kierkegaard, Nietzsche e Jean Paul Sartre.
A primeira vista podemos notar pontos importante que devem ser levados em consideração, tais como: ressaltar os relacionamentos pessoais e nossas responsabilidades, toma conhecimento de nossa parte emotiva.
Porém se aprofundarmos a análise das obras antinomistas, notaremos algumas falhas que não sustentam a busca pelo bem, tais como: é demasiadamente subjetivo, é demasiadamente individualista, busca sua base no relativismo e aponta para o irracional. Faça uma pequena pesquisa sobre a vida destes senhores e vocês notarão que, apesar de suas mentes brilhantes, todos se afogaram em “vãs filosofias”. Aliás, mesmo levando em consideração as lutas anti-guerras de Sartre, é inegável a fundamentação que o antinomismo de Nietzche deu para o maior afogamento da humanidade – o holocausto.
Portanto algumas perguntas se levantam – Existe uma análise ética que conduza ao Bem moral? Qual alternativa ética seria esta?
Pretendo responder estas questões no próximo artigo, até lá lembre-se : Respirar pela boca e soltar pelo nariz...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

SOBRE CUPINS, HERÓIS E ESCOLHAS.

Gostaria de começar este texto com um pouco de cultura inútil e bastante drama, a filosofia eu deixo para você, estimado leitor, procurar nas entrelinhas...
Você sabia que os cupins africanos constroem cupinzeiros enormes ( alguns com vários metros de altura ) e duros feito pedra para os protegerem, já que seus corpos são desprovidos da couraça de quitina típica de outros tipos de insetos?
Você sabia que os elefantes africanos adoram coçar seus flancos em cupinzeiros enormes feitas por cupins que têm o corpo mole por não ter couraça de quitina?
Chega de cultura inútil e vamos para a parte dramática: Quando os cupinzeiros são destruídos pelos elefantes, os cupins-operários se põem imediatamente a reconstruir sua fortaleza enquanto um grupo de cupins-soldados protege a colônia de seus invasores, geralmente formigas muito mais fortes e protegidas com sua carapaça de quitina, dos quais os pobres cupins-soldados não têm a mínima chance. A única coisa a se fazer é grudar nas formigas, para desacelerar o avanço, enquanto elas despedaçam os pobres e moles soldados...
Enquanto isso, as operárias trabalham para fechar o cupinzeiro, e quando o fazem, fecham os cupins-soldados para fora com o inimigo! Ou seja, os cupins-soldados saem para a morte certa para a defesa incerta de seu cupinzeiro.
Homero nos conta em seu épico Ilíada a batalha de Tróia e tem um trecho em especial que eu gostaria de destacar – A espera obstinada de Heitor pelo enfurecido Aquiles.
Heitor sabia que Aquiles era muito mais forte e que se corpo era indestrutível, tinha armas melhores, era mais veloz, muito bem treinado e vinha com toda sede de vingança.
Heitor esperava do lado de fora das muralhas de Tróia, esperava sabendo que ia morrer mas esperava no intento de defender sua família, sua cidade. Qual é a diferença entre Heitor e os cupins-soldados? Ele é mais valente? Por que ninguém faz filmes sobre os pobres cupins? Será que Eric Bana aceitaria fazer o papel de um cupim ao invés de Heitor em “Tróia”? Já pensaram em Brad Pitt fazendo o papel de um formigão?
As formigas, os cupins e todos os outros animais agem pela forma que agem por serem prioritariamente guiados pelo instinto. O que levou Heitor a enfrentar Aquiles foi uma escolha.
Heitor podia fugir, fingir de louco, acovardar-se e tantas outras opções, todas levam a um absoluto: a capacidade de escolher.
O heroísmo de Heitor está ligado a sua escolha. O relativismo absoluto é incoerente filosoficamente pois, de forma inata, temos o absoluto da escolha. Mesmo a omissão é a escolha de deixar outrem escolher em seu lugar!
Para sermos agentes morais temos que ter a capacidade de escolher de forma livre, responsável e conscientemente baseados em valores de bem e mal.
O querido leitor já deve saber onde quero chegar e já se prontificou a questionar: “ O bem e o mal não são valores relativos? O que é bom para mim, talvez não seja bom para você...” o qual devo me adiantar e discordar do nobre colega. A ênfase dada a certo valor pode ser maior ou menor sem torná-lo relativo. Em uma dada sociedade “bom” pode ser ter um cacique, já na outra “bom” é escolher um líder de forma democrática – mas os dois têm o conceito de Bem como forma universal. Aliás, o bem em seu sentido universal, segundo Aristóteles, é a busca final da ética. Escolhas que colaboram para o Bem são escolhas moralmente aprováveis.
A base filosófica na qual fundamentamos nossas escolhas são imprescindíveis para determinar a moralidade da mesma. Quanto mais elevada a “filosofia de vida” que você adotar, mais moralmente aceitáveis e mais voltadas para o bem serão suas escolhas.
Um pouco de cultura inútil, um pouco de drama, mas a parte filosófica deixarei para você, aí do outro lado, responder: Qual é a base moral das suas escolhas?

sábado, 3 de maio de 2008

TUDO É RELATIVO!!!

-” Tudo é relativo!” Exclamou vitorioso o aluno ao terminar de expor sua brilhante idéia acerca da relatividade no mundo da moral.
Naquele momento sorri, pensei em como aquela idéia apresentada pelo meu estimado aluno não era em nada nova (apesar dele ter achado que era inovadora sua resposta ) mas sim de um pensador chamado Augusto Comte ( 1798 – 1857) e como a sua influência através do tempo tinha viajado até aquela terça-feira chuvosa .
Comte, filósofo francês, fundou a sociologia científica, além de cunhar o termo “sociologia” também pretendia estabelecer uma moral científica, mas faleceu antes disso.
Segundo próprio Comte:” ...Para esse fim, minha filha, deveis renunciar, em primeiro lugar, a toda pretensão de unidade absoluta, exterior, em uma palavra, objetiva; o que vos será mais fácil do que a nossos doutores. Semelhante aspiração, compatível com a pesquisa das causas, torna-se contraditória com o estudo das leis, isto é, das relações constantes apanhadas no meio de uma diversidade imensa. Essas não comportam senão uma unidade puramente relativa, humana, em uma palavra, subjetiva.”
Depois deste breve momento de reminiscência Comteana, tive que perguntar a meu querido aluno a pergunta que adoraria fazer a Comte:
- “Mas isso não seria um absoluto?”
A questão da relatividade tão em moda nos tempos atuais nos leva a uma falha filosófica , a questão da não-contradição. A não-contradição é a premissa de que um postulado não deve contradizer aquilo que se propõe dizer. Parece confuso? Eis um exemplo:
“Tudo é relativo.” Este postulado em si é um absoluto, ou seja, a partir deste dogma as coisas se tornam relativas...menos ela! Porém se eu afirmar que inclusive este dogma é relativo, então teremos que conviver com a relatividade da relatividade, que gera assim outra relatividade, que nos leva a um regresso infinito!
Saiamos desta esfera filosófica que deve estar te confundindo e vamos para um exemplo mais cotidiano. Lembro-me uma vez de assistir à aula de um professor na faculdade de história a convite de minha mãe. Depois de duas aulas expondo sua posição a favor de um “homem acima do bem e do mal” e de que a concepção de regras de conduta, principalmente a cristã, era um aprisionamento do super-homem contido em cada um de nós e depois de falar várias vezes que “Deus está morto”, fui até ele para tirar algumas dúvidas...
- “Deus está morto” e a idéia de übermensch ( homem que, livre das amarras morais cristãs, teria condições de a partir de seu próprio “eu” definir o que seria o bem e o mal, estando assim acima de qualquer conceito ético ) são idéias de Nietzsche, certo?
-Exatamente! Respondeu-me o caro colega.
- Nietzsche era, de certa forma, adepto da filosofia de Schopenhauer, certo? Perguntei.
- Muito bem. Respondeu-me novamente o professor.
- Então, já que segundo Nietzsche não há um Deus para me julgar e já que as condutas éticas partem do meu “eu” acima do bem e do mal, acho que tenho o dever de ir até a sua casa e matar a sua filhinha ( minha mãe tinha me dito que ele tinha uma bela garotinha com meses de vida ) pois segundo Schopenhauer toda vida é sofrimento e, segundo meu “eu” sua filha está viva, logo, sofre...
O professor me olhou por alguns segundos, e então me respondeu:
- Mas ai não...né?
Bom, notei que ele não era tão nietzschiniano assim...nem que seu relativismo era tão absoluto quando colocava sua filhinha em questão. Mas a verdade é que quando nossos direitos estão em risco deixamos de ser relativistas e gritamos a plenos pulmões regras, leis e normas para salvaguardar o que nos cabe. A idéia de relatividade pode até ser muito bonita no papel, mas para mantermos o mínimo de coerência existencial precisamos de regras de conduta hierarquicamente ordenadas para manter um pouco de ordem social. Basta lembrar que o ápice nietzschiniano relativista existencialista fora personificado na pessoa de Hitler...
Será que o holocausto foi relativo?