quinta-feira, 10 de julho de 2008

A arte de respirar – Parte I

- “Respire pela boca e solte o ar pelo nariz”, disse o professor de natação.
O aluno, no auge de seu conhecimento das técnicas de natação adquiridos em todos os seus dez minutos de experiência pensa “ isso é fácil demais”... enche a boca de ar, solta pelo nariz antes do tempo e “respira” uma bela quantidade de água. O aluno então descobre que respirar não é tão simples assim.
A ética é como respirar, todos acreditam conhecer, todos opinam com autoridade, muitos se acham qualificados o bastante para irem à mídia e destilarem conselhos éticos como vemos na maior parte dos programas policiais, mas quando questionados na simplicidade da essência... acabam se afogando em sua arrogância.
Vamos para algumas definições, ética é o ramo da filosofia que analisa os feitos morais humanos sob a perspectiva de certo e errado com a finalidade de se alcançar o Bem.
Segundo o grande professor Mário Sergio Cortella, a ética é questionar filosoficamente aquilo que nós “queremos, podemos e devemos”, a luta está no fato de que nem tudo o que queremos podemos, nem tudo o que podemos devemos e nem o que devemos queremos... Este é o objeto de estudo da ética enquanto campo da filosofia.
A ética é diferente de moral, sendo esta a conduta adotada de forma subjetiva por uma pessoa de forma responsável, autônoma e livre.
A ética é a teoria, a moral a práxis.
As escolhas feitas por você, quando comparadas as de outras pessoas dentro da sociedade, é o objeto de estudo da ética. Você age e escolhe de forma moral, e sua atitude é analisada através da ética.
Nota-se portanto que a qualidade moral de suas escolhas está intimamente ligada à forma pela qual você pensa a ética.
Porém a forma de se pensar a ética é bastante diversificada ( não relativa, mas diversa...) como demonstra o professor Norman Geisler em seu livro “Ética Cristã”, apenas para exemplificar: antinomismo, generalismo, situacionismo, absolutismo não-conflitante, absolutismo ideal e hierarquismo, só para ficar entre alguns.
Como respirar, existem várias vertentes éticas, porém se a análise filosófica da ética pauta-se em encontrar o Bem ( conceito este de Aristóteles, o primeiro a questionar os valores morais em sua obra “ética a Nicomaco”) talvez nem todas sejam saudáveis, algumas até podem levar a um “afogamento” moral.
Deixe-me ser mais claro, peguemos por exemplo o antinomismo, sua definição seria “ a falta de objetividade ou relevância empírica” ou seja, não há normas, como o que é bom pode ser circunstancial, ele não é absoluto. Sendo assim o antinomismo acusa a moral humana de emotiva e subjetiva. Alguns nomes da ética existencial antinomista são: Kierkegaard, Nietzsche e Jean Paul Sartre.
A primeira vista podemos notar pontos importante que devem ser levados em consideração, tais como: ressaltar os relacionamentos pessoais e nossas responsabilidades, toma conhecimento de nossa parte emotiva.
Porém se aprofundarmos a análise das obras antinomistas, notaremos algumas falhas que não sustentam a busca pelo bem, tais como: é demasiadamente subjetivo, é demasiadamente individualista, busca sua base no relativismo e aponta para o irracional. Faça uma pequena pesquisa sobre a vida destes senhores e vocês notarão que, apesar de suas mentes brilhantes, todos se afogaram em “vãs filosofias”. Aliás, mesmo levando em consideração as lutas anti-guerras de Sartre, é inegável a fundamentação que o antinomismo de Nietzche deu para o maior afogamento da humanidade – o holocausto.
Portanto algumas perguntas se levantam – Existe uma análise ética que conduza ao Bem moral? Qual alternativa ética seria esta?
Pretendo responder estas questões no próximo artigo, até lá lembre-se : Respirar pela boca e soltar pelo nariz...